Notícias, Comentários, História e Estórias da Aldeia

Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

Número de Visitas:

segunda-feira, 10 de março de 2014

Nossa Terra Nossa Gente

A BURRA DO TI MARQUÊS

Pequenino, bigodinho branco, homem honesto e simples como quase todos os louriceirenses daquela primeira metade do século passado. Vivia da agricultura, pelo que, para sua ajuda, possuía uma burra já velhota.
Um dia pensou vendê-la ou trocá-la por outra mais nova, com mais energia.
Levantou-se cedo, limpou-a, escovou-a e foi com  ela até à feira da Torre do Bispo com esse propósito. Ali chegado, teve muitos pretendentes para o negócio mas só o Zé Cigano o convenceu: Tinha uma burra nova que lha vendia por três notas de cem mas que só lha podia entregar da parte da tarde e comprava-lha a velha por cem mil réis. Negócio fechado!
Mas desconfiado, Ti Marquês quis receber a nota de cem, não fosse o diabo tecê-las...
Entretanto esperou na taberna que a tarde chegasse para ver se fazia negócio com a burra nova.
Palavra honrada de cigano foi cumprida e, horas depois, lá estava o Zé Cigano com a burrinha nova.
Ti Marquês gostou da burrinha mas ainda tentou que o cigano tirasse qualquer coisa no preço. Que não que se Ti Marquês não tivesse interessado já tinha comprador por mais das três notas mas palavra de Zé Cigano nunca volta a trás! 
Negócio fechado, montou a burrinha nova e depressa chegou à Louriceira, só parando na taberna do Zé da Zabel onde, à porta, deixou a burra enquanto foi beber uma cigana (garrafa de 2 decilitros de vinho). Quando voltou não viu a burra e, furioso, correu os arredores para a encontrar. Foi para casa, entrou no palheiro e lá estava a burrinha... De tão contente, até chorou. Mas que raio de inteligência teria o animal. Pensou, pensou,  pesquisou os  sinais da burra, os dentes, um deles partido e não havia dúvidas: a burra era a sua "pigarsa"...
O cigano tinha-a levado de manhã, tosquiou-a, enfeitou-a e devolveu-a como nova.
"Ai o malandro do Zé Cigano... Nunca mais me engana!"

NOTA: O povo da Louriceira, em plenário, atribuiu  à artéria onde esta figura popular residia, em sua homenagem,  o nome de Travessa do Marquês
                                                                                                         JLS

1 comentário:

  1. gostei da escrita que completou e enfeitou o que já sabia `*acerca do " Ti Marquês". Bela homenagem

    ResponderEliminar

Estatutos

Fundado a 10 de Março de 2010, é um instrumento de informação e divulgação de conteúdos, considerando-se independente na política e na religião. Tem âmbito local mas não perde a perspectiva sócio-cultural podendo incluir notícias e conteúdos de carácter geral.


PRINCIPAIS OBJECTIVOS: